XII Jornadas do Fórum do Campo Lacaniano
PRELÚDIO III
A ética é o sujeito
Nilda Sirelli
O desejo é metonímico, implica na circulação de objetos que contornam o vazio sempre de uma forma muito particular, e, ao mesmo tempo com as marcas de seu tempo. É preciso sustentar o movimento desejante, se revirando ao avesso, e isso, a cada vez.
O discurso capitalista se vale do inconsciente e do ponto de vazio estrutural da ausência de objeto que move a estrutura do ser falante, promovendo uma circulação incessante de bugigangas, na qual o próprio sujeito desejante é tirado de cena e se torna mais um objeto a ser consumido.
O capitalismo é sem sujeito, puro funcionamento acéfalo da pulsão, portanto, sem ética, pois, a ética é o sujeito em sua política de falta ser. Como diz Chico Cesar, “deus me proteja de mim e da maldade de gente boa”, a gente boa munida do discurso coach neoliberal, e do nosso empuxo a calar toda falta para não ter que nos haver com aquilo que nos faz sujeitos éticos, o fato de que “por nossa posição de sujeitos, sempre somos responsáveis”, e, só partir daí, podemos nos posicionar diante do próprio desejo e da Polis.
CESAR, Chico. Deus me proteja. Disponível em: Deus Me Proteja – Chico César – LETRAS.MUS.BR.
LACAN, Jacques. A ciência e a verdade. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
